2
Conheça algumas das figuras mineiras mais emblemáticas no movimento negro
Neste postblog da Valenet, vamos te apresentar algumas pessoas fundamentais para a construção de um legado de resistência, conquista de direitos e fortalecimento das culturas afro-brasileiras, não só em Minas, mas em todo o país.
Sobretudo, todas essas personalidades, cada uma com sua trajetória e ações, contribuíram para mudar o panorama da sociedade brasileira, bem como promover a igualdade racial, elevando vozes negras que continuam a ecoar e a desafiar as estruturas racistas em diversas esferas.
Sumário
- Conceição Evaristo
- Reinaldo
- Carolina Maria de Jesus
- Djonga
- Mãe Efigênia
- Edmilson de Almeida Pereira
- Nilma Lino Gomes
- Cau Gomez
- Dia da Consciência Negra 2024
Conceição Evaristo
A princípio, Conceição Evaristo é um nome de peso na literatura brasileira contemporânea. Nascida em Belo Horizonte (1946), ela representa a força da palavra como instrumento de transformação social. Filha de uma família humilde e com uma forte trajetória de luta, Evaristo passou a vida escrevendo sobre as dificuldades, mas também as belezas da vivência negra no Brasil.
Sua escrita, que mistura poesia, contos e crônicas, não se limita apenas ao papel de contar histórias. Pelo contrário, ela se torna um instrumento de reflexão sobre as desigualdades sociais, as opressões e as relações de classe, raça e gênero.
Todavia, a obra de Evaristo é marcada pela busca por visibilidade para as pessoas negras e marginalizadas, mostrando seus dramas, suas lutas e suas esperanças. O romance Ponciá Vicêncio, seu livro mais conhecido, é um retrato profundo da mulher negra no Brasil passando por várias questões de identidade e resistência.
Além disso, ela cunhou o termo “escrevivência”, que traduz a ideia de uma escrita que nasce da vivência do cotidiano, da luta e das experiências de um povo. Ao trazer para a literatura a experiência real de uma comunidade, Conceição se coloca como uma das maiores defensoras da importância da cultura negra, dentro da construção da sociedade brasileira.
Ademais, sua trajetória acadêmica é igualmente impressionante: graduada em Letras pela UFRJ, mestra em Literatura pela PUC-RJ e doutora em Literatura pela UFF, Evaristo não só escreveu, mas também ensinou e formou novas gerações de pensadores e escritores.
Por fim, em 2019, recebeu o prêmio Personalidade Literária do Ano pelo Prêmio Jabuti, consolidando sua importância no cenário literário brasileiro.
Reinaldo
Dando continuidade, outro nome de grande importância é o de Reinaldo, atacante considerado um dos maiores ídolos da história do Clube Atlético Mineiro. Nascido em Belo Horizonte (1954), o jogador ficou famoso tanto por sua habilidade com a bola, quanto pelo seu posicionamento político.
Nos anos 70, durante a ditadura militar, ele usou seu espaço de visibilidade para protestar contra o regime, bem como se posicionar contra o racismo no Brasil, algo que o tornava ainda mais relevante dentro do cenário esportivo.
Além disso, Reinaldo ficou conhecido por suas comemorações de gol, em que levantava o punho cerrado, um gesto inspirado no movimento dos Panteras Negras e nos atletas Tommie Smith e John Carlos, que haviam feito o mesmo gesto nos Jogos Olímpicos de 1968, nos Estados Unidos, como um protesto contra o racismo.
Durante aquele período, ele também foi uma das vozes mais críticas dentro do esporte brasileiro contra a ditadura, com declarações como a que deu ao jornal Movimento, em 1978, onde afirmou que era necessário aproximar o povo das decisões políticas.
Infelizmente, essa postura levou-o a ser excluído da Seleção Brasileira durante a Copa de 1982, apesar de ser o melhor jogador brasileiro da época. O que para muitos foi uma punição, para Reinaldo foi uma afirmação de sua luta por justiça social.
Além do esporte, o atacante sempre foi um defensor do protagonismo negro no Brasil e usou sua fama para chamar atenção para a desigualdade racial que permeava não apenas o futebol, mas em todas as áreas da sociedade.
Carolina Maria de Jesus
Primordialmente, Carolina Maria de Jesus, nascida em Minas Gerais (1914), é um dos maiores nomes da literatura brasileira. Sua obra, “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, traz um relato cru e honesto sobre a vida de uma mulher negra, favelada e catadora de papel, que usa a escrita como forma de escapar da marginalização social.
Em seu diário, ela denuncia as condições de miséria e abandono que viveu, mas também dá voz a todas as mulheres e homens negros que viviam em condições semelhantes nas favelas brasileiras.
Apesar de sua formação escolar limitada, com apenas dois anos de estudo formal, Carolina soube utilizar a escrita de forma poderosa para documentar a realidade social e resistir à invisibilidade que a sociedade impunha a ela, e a tantos outros negros e negras no Brasil.
Com o passar do tempo, sua obra se tornou referência no movimento literário brasileiro, e ela se tornou uma das primeiras escritoras negras a alcançar reconhecimento internacional.
Certamente, o diário dela é considerado um grito de resistência que ecoa até os dias atuais, mostrando a força da literatura como meio de denúncia e empoderamento.
Djonga
Em seguida, o rapper Djonga, nascido em Belo Horizonte (1994), é uma das figuras mais influentes da cena musical contemporânea brasileira. Com uma carreira ascendente e marcante, Djonga utiliza sua música para criticar as desigualdades sociais, especialmente no que diz respeito ao racismo estrutural e à opressão dos negros no Brasil.
Sem sombra de dúvidas, suas letras são afiadas e diretas, abordando temas como a desigualdade de classe, o racismo e a marginalização dos negros na sociedade brasileira.
Além do mais, Djonga se destaca pelo seu poder de comunicação e pela forma como articula suas palavras. Ou seja, ele é um dos nomes mais importantes do rap brasileiro, sendo uma das maiores vozes da juventude negra atual.
Seu grito de guerra, “fogo nos racistas”, que é dito em voz alta por seus fãs em seus shows, simboliza a força de sua música como um meio de resistência. Nesse sentido, o artista não apenas denuncia, mas também empodera os jovens negros, incentivando-os a se levantarem contra a desigualdade racial e a buscar mais liberdade.
Por último, ele também é um grande defensor de sua cidade natal, Belo Horizonte, e afirma que sua escolha de permanecer na cidade, ao invés de se mudar para centros urbanos maiores como Rio de Janeiro ou São Paulo, é uma atitude política e cultural de reafirmação de suas raízes e do potencial artístico da sua terra.
Mãe Efigênia
A seguir, temos Mãe Efigênia, ou Mametu Muiandê, uma das grandes referências no cenário espiritual e cultural afro-brasileiro.
Nascida em Ouro Preto (1946), ela é a matriarca do Kilombo Manzo Ngunzo Kaiango, uma comunidade religiosa e cultural que preserva os saberes afro-brasileiros e é um símbolo de resistência na luta pela preservação da memória negra em Minas Gerais.
Contudo, sua atuação vai além da religião, sendo também uma referência na luta por direitos, pela valorização da cultura negra e pela promoção da igualdade racial.
Com mais de 50 anos dedicados ao Candomblé e à Umbanda, Mãe Efigênia é uma das maiores defensoras das religiões de matriz africana em Minas Gerais. Assim sendo, sua liderança e trabalho realizado no quilombo têm sido fundamentais na formação de novos líderes religiosos, bem como na preservação dos rituais e tradições africanas.
Atualmente, a comunidade foi reconhecida oficialmente como remanescente de quilombo.
Edmilson de Almeida Pereira
Sendo um dos maiores intelectuais e poetas da literatura negra nacional, Edmilson de Almeida Pereira, nascido em Juiz de Fora (1963), possui várias obras publicadas incluindo poesias, ensaios e estudos sobre a cultura e a religiosidade afro-brasileira, além de sua atuação como professor e pesquisador.
Formado em Letras, ele também é doutor em Comunicação e Cultura, com uma carreira que mescla a produção acadêmica e a prática literária. Tendo isso em vista, seu trabalho é marcado pela reflexão sobre as relações raciais no Brasil e pela defesa do protagonismo negro na cultura nacional.
Sobretudo “Os tambores estão frios” e “Entre Orfe(x)u e Exunouveau” são apenas alguns de seus livros que exploram o sincretismo religioso, a herança cultural africana e a literatura brasileira a partir de uma perspectiva afro-diaspórica.
Nilma Lino Gomes
Outra figura muito importante no cenário educacional brasileiro é Nilma Lino Gomes. Nascida em Belo Horizonte (1961), ela se destacou não só pela sua atuação como professora, mas também por seu papel na luta contra o racismo e pela promoção da educação de qualidade para todos, especialmente para a população negra.
Com certeza, seu trabalho na área de políticas públicas e ações afirmativas foi fundamental para a criação do sistema de cotas raciais no Brasil, que garante a inclusão de negros nas universidades federais.
Além de ser professora da UFMG e com doutorado em Antropologia Social pela USP, Nilma foi também a primeira mulher negra a ser reitora de uma universidade federal no Brasil, a Unilab, e inclusive, ocupou o cargo de Ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff.
Cau Gomez
Por último, temos Cau Gomez. Natural de Belo Horizonte, ele é um artista gráfico e humorista que se destaca por sua visão crítica sobre as questões sociais e raciais. Com mais de 30 anos de carreira, o designer é responsável por inúmeras charges, ilustrações e artigos de humor, abordando temas diversos como racismo, desigualdade social e política.
Sobretudo, sua obra é um exemplo inspirador de como o humor pode ser usado como uma ferramenta de crítica e denúncia, ao mesmo tempo em que proporciona uma reflexão profunda sobre a realidade brasileira.
Além disso, Cau também é um dos criadores da HQ “Billy Jackson”, que ganhou notoriedade tanto no Brasil quanto no exterior, bem como participou de exposições internacionais que destacam sua arte como forma de resistência e reflexão sobre a cultura negra.
Ver essa foto no Instagram
Dia da Consciência Negra 2024
Em comemoração ao Mês da Consciência Negra de 2024, trouxemos para você conhecer algumas das personalidades negras de Minas Gerais que, através de suas lutas, obras e vozes, desempenharam um papel essencial na promoção da igualdade racial e no fortalecimento da cultura afro-brasileira.
Seja através da literatura, da música, da religião, da educação ou da arte, essas figuras são essenciais para a construção de um Brasil mais justo, inclusivo e igualitário, já que suas trajetórias são exemplos de resistência e afirmação da identidade negra no país.
Personalidades negras Personalidades negras Personalidades negras Personalidades negras Personalidades negras
fggf
Deixe um comentário